quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A arte da raiva sem destruição

Se tem um versículo da bíblia que me instiga é o tal do "irai-vos e não pequeis... consultai no travesseiro o coração"... Até porque é o primeiro versículo que vem à minha mente quando eu fico furiosa com alguém ou alguma coisa.

Pecar = etmologicamente falando, vem do grego e significa "errar o alvo". Essa palavra era usada pelos arqueiros que, quando atiravam suas flechas e erravam, diziam "você pecou por xx centímetros" (ou seja lá qual for a medida da época). Seu uso indiscriminado deu um certo estigma ao significado, mas sem nenhuma complicação, pecar é isso mesmo; é chegar no quase, e de quase, não chegar a lugar nenhum.

Acho que todo mundo fica "irado", no pior sentido da palavra. Gostaria de dizer que sou uma excessão, mas no momento sinto tanta raiva que minha vontade neste momento é "chutar o balde", é desistir (é uma pena estar escrito na bíblia que é proibido matar - brincadeirinha, isso é muito importante sim...). As pessoas acham que sou calma. Não sou. Sou controlada (na maiorira das vezes ) pelo Espírito Santo. Tirem ele de mim e sobra uma pessoa insuportavel e que não suporta quase nada. A palavra bonitinha é "irascível". E minha raiva deste momento é um somatório de alguns emails que acabei de receber e fruto de um sentimento de "sentir-me usada", de ter sido desrespeitada por pessoas que realmente precisam de mim; é um misto de "eu não preciso disso" com "que $&*@% ...", afinal, a boca eu geralmente seguro (os dentes ficam antes da lingua), mas quem segura o meu pensamento???? E não me venha com aquele papo de "cristão de aréola" que diz "como você pode pensar em uma coisa dessas?" Acredite, me conheço o suficiente para dizer que posso fazer coisas que só Deus pra não duvidar...

Se segurar neste momento é uma arte, apenas ensinada pelo grande mestre. Sim, porque você pode até não explodir com ninguém, mas isso explode em você e gera gastrite, sindromes sem fim, obesidade, anorexia... enfim, você destrói a si mesmo, caso esse sentimento se prolongue muito. E aí vem a segunda parte: a de consultar a consciência. No travesseiro, quando o mundo pára de falar e você fica sozinho(a) com você mesmo, é a hora que ela diz "não devia ou devia ter feito aquilo". Alguns até perdem o sono de tanto que ela fala; outros só dormem pra ver se calam a dita cuja.

Como não pecar nessa hora em que, fisiologicamente, a área do cérebro responsável pelos sentimentos quer calar a área da racionalidade? Por que não colocar a culpa na fisiologia pra maquear um "tudo bem" pra consciencia? A questão, no final, é que somos responsáveis pelo que fazemos em todos os momentos da vida, todos mesmo.

Eu só sei de uma coisa: sou dependente de Deus pra não ser irascível o tempo todo e para me controlar quando chego a esse estado. E todas as vezes que falhei foi porque não deixei o Espírito Santo me controlar. E aí, eu pequei. Errei o alvo de "amar a Deus sobre tudo e amar as pessoas como me amo". Nessa hora, eu meio que parei de amar a Deus porque disse a Ele, mesmo sem dizer, "não se meta na minha vida"; não amei as pessoas independente do que elas fizeram porque "não estou nem aí pra elas" e de certa forma não me amei porque não consigo pensar no longo prazo, só consigo pensar em "ter a razão, ou mesmo de ser ressarcida pelo que recebi sem merecer ", de acordo com meu juízo de valores.

Enfim, todos os dias tenho a oportunidade de estragar tudo. Tem dias que chego muito perto disso. As pessoas acham que ser cristão é fácil. Pra mim não é. A arte da raiva sem destruição me exige "negar a mim mesmo", ou seja, não viver a vida pelo meu padrão de justiça, mas viver o padrão de amor e misericórdia de Deus. Fico muito feliz que Deus tenha enviado Jesus. Porque assim, tenho um exemplo a seguir. Você pode pensar: "ah, mas Jesus é Deus, ele não pecaria mesmo..." ; mas se você olhar com atenção, Jesus viveu na terra com as regras de ser homem. Mesmo os milagres que ele fez, ele só o fez porque orava e pedia poder a Deus pai. Ele mostrou o caminho. Aliás, ele é o caminho. E é assim que nós vencemos. Não somente a raiva, mas o medo e tantas outras coisas. A batalha é diária pra todo mundo. Vamos vencendo, conforme nos conformamos à forma de Deus e ele entra na nossa forma, fazendo parte de nós.

Olha, até que a raiva passou... Obrigada, Jesus, você me livrou de mais uma coisa pra não me arrepender!!!!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010




O tal do propósito...


Estou sendo sujeito de pesquisa de um professor da UnB, talvez porque eu deva ser um estudo de caso relativamente interessante: afinal, não é todo dia que a gente vê uma pessoa que se formou, gosta da profissão, recebe relativamente bem (o suficiente pelo menos), voltar a fazer uma graduação. Especialmente quando se trata de uma graduação como Pedagogia.


Olha, nunca pensei que pedagogo sofresse tanto. Desde o dia que eu passei, 98% do que ouvi foram críticas: "pra quê pedagogia? Isso é perda de tempo! Mas você não gosta da sua profissão? Você está retrocedendo o seu currículo!" e outras coisas que não colocarei aqui, porque achei obcenas demais. As pessoas deveriam ter vergonha de dizer isso pra alguém. Aliás, só não ouvi mais porque passei (de novo) pra UnB.


Percebo que todas as profissões que tem o ser humano como o mais importante são preteridas. Já tinha sofrido algum preconceito por ser enfermeira, mas o estigma da pedagogia consegue superar; além do salário nem sempre muito convidativo, você ainda tem que ouvir que "você pode fazer melhor que isso".


Melhor que o prazer de ver uma criança que não tinha nenhum contato com o mundo da escrita, de repente ler ? ou a emoção de ver um adulto não apenas reconhecendo as letras, mas os seus direitos? A alegria de tornar um grupo inteiro capaz de incluir a diversidade construindo a tolerância entre pessoas de diferentes habilidades, necessidades? De tornar os processos educativos dentro de uma empresa algo menos estressante e mais eficiente e eficaz? De interagir com uma pessoa hospitalizada e não permitir que seu processo de doença não lhe dê prejuízos biopsicossocialmente? E tantas outras opções que a pedagogia permite, e algumas novas que quero muito explorar...


Mas, voltando ao fato de ser "sujeito de pesquisa" (essa ciência nova é muito interessante), precisei responder sobre qual seria o propósito da minha vida. Perguntinha complexa essa, mas deu pre perceber que, com certeza não é dinheiro...


Gosto de um versículo de Atos dos apóstolos, no discurso de Paulo que diz "pois nele (em Deus) vivemos, e nos movemos, e existimos..." (Atos 16.28a). Sem Deus, não há propósito na minha vida. Não teria motivo eu levantar de manhã, comer, sair pra trabalhar, comer, dormir. Ainda que a Pedagogia e a Enfermagem, minhas profissões do coração (que aliás uso as duas indiscriminadamente), me deem desafios, conquistas, alegrias (algumas tristezas e estresses também), garanto que elas não tem valor pra mim se algo mais profundo não me desse significado.


Não há razão para acreditar nas pessoas como acreditava Rousseau, se você não considerar o fator divino. As pessoas tem esse "quê" de auto-destruição. Bastam ver alguns de meus pacientes; não precisam nem usar drogas ou tentar suicídio; basta um diabético não usar o açúcar como deveria; basta um hipertenso não tomar sua medicação, ou uma transa ocasional sem nenhum cuidado; ou ainda, um isolamento das pessoas que poderiam alimentar sua necessidade de amor...


Uma vez viajei para a Polônia e fui ao maior campo de concentração do mundo dos alemães: Auschwitz. Foi um momento de grande reflexão, ver a "máquina da morte". Nunca vi tantas formas de morrer juntas em um mesmo local: você poderia escolher morrer queimado vivo, morrer na câmara de gás, apanhando, trabalhando, na forca, de frio, doente, em uma experiência do dr Mengele, se atirando de desespero na cerca elétrica ou sendo eletrocutado em tortura... e fiquei pensando o que poderia impedir que aquilo acontecesse novamente, e na verdade, sei que parte daquilo ainda acontece no mundo.


meu amigo, veja bem suas motivações... pense sobre isso. Como diz Mel Gibson no filme coração Valente: "Todo homem morre. Mas nem todo homem vive".