Estou sendo sujeito de pesquisa de um professor da UnB, talvez porque eu deva ser um estudo de caso relativamente interessante: afinal, não é todo dia que a gente vê uma pessoa que se formou, gosta da profissão, recebe relativamente bem (o suficiente pelo menos), voltar a fazer uma graduação. Especialmente quando se trata de uma graduação como Pedagogia.
Olha, nunca pensei que pedagogo sofresse tanto. Desde o dia que eu passei, 98% do que ouvi foram críticas: "pra quê pedagogia? Isso é perda de tempo! Mas você não gosta da sua profissão? Você está retrocedendo o seu currículo!" e outras coisas que não colocarei aqui, porque achei obcenas demais. As pessoas deveriam ter vergonha de dizer isso pra alguém. Aliás, só não ouvi mais porque passei (de novo) pra UnB.
Percebo que todas as profissões que tem o ser humano como o mais importante são preteridas. Já tinha sofrido algum preconceito por ser enfermeira, mas o estigma da pedagogia consegue superar; além do salário nem sempre muito convidativo, você ainda tem que ouvir que "você pode fazer melhor que isso".
Melhor que o prazer de ver uma criança que não tinha nenhum contato com o mundo da escrita, de repente ler ? ou a emoção de ver um adulto não apenas reconhecendo as letras, mas os seus direitos? A alegria de tornar um grupo inteiro capaz de incluir a diversidade construindo a tolerância entre pessoas de diferentes habilidades, necessidades? De tornar os processos educativos dentro de uma empresa algo menos estressante e mais eficiente e eficaz? De interagir com uma pessoa hospitalizada e não permitir que seu processo de doença não lhe dê prejuízos biopsicossocialmente? E tantas outras opções que a pedagogia permite, e algumas novas que quero muito explorar...
Mas, voltando ao fato de ser "sujeito de pesquisa" (essa ciência nova é muito interessante), precisei responder sobre qual seria o propósito da minha vida. Perguntinha complexa essa, mas deu pre perceber que, com certeza não é dinheiro...
Gosto de um versículo de Atos dos apóstolos, no discurso de Paulo que diz "pois nele (em Deus) vivemos, e nos movemos, e existimos..." (Atos 16.28a). Sem Deus, não há propósito na minha vida. Não teria motivo eu levantar de manhã, comer, sair pra trabalhar, comer, dormir. Ainda que a Pedagogia e a Enfermagem, minhas profissões do coração (que aliás uso as duas indiscriminadamente), me deem desafios, conquistas, alegrias (algumas tristezas e estresses também), garanto que elas não tem valor pra mim se algo mais profundo não me desse significado.
Não há razão para acreditar nas pessoas como acreditava Rousseau, se você não considerar o fator divino. As pessoas tem esse "quê" de auto-destruição. Bastam ver alguns de meus pacientes; não precisam nem usar drogas ou tentar suicídio; basta um diabético não usar o açúcar como deveria; basta um hipertenso não tomar sua medicação, ou uma transa ocasional sem nenhum cuidado; ou ainda, um isolamento das pessoas que poderiam alimentar sua necessidade de amor...
Uma vez viajei para a Polônia e fui ao maior campo de concentração do mundo dos alemães: Auschwitz. Foi um momento de grande reflexão, ver a "máquina da morte". Nunca vi tantas formas de morrer juntas em um mesmo local: você poderia escolher morrer queimado vivo, morrer na câmara de gás, apanhando, trabalhando, na forca, de frio, doente, em uma experiência do dr Mengele, se atirando de desespero na cerca elétrica ou sendo eletrocutado em tortura... e fiquei pensando o que poderia impedir que aquilo acontecesse novamente, e na verdade, sei que parte daquilo ainda acontece no mundo.
meu amigo, veja bem suas motivações... pense sobre isso. Como diz Mel Gibson no filme coração Valente: "Todo homem morre. Mas nem todo homem vive".
Um comentário:
glaucia
sinto é muito orgulho de voce ser assim humilde, guerreira, reconhece que quer ir mais além na vida, na profissão, engraçado que só vejo coisa boa. isso mesmo não se conforme com o que pode ser melhorado... vc sabe que vai se dar bem nas duas, porque a diferença é a própria glaucia guiada por Deus:)
parabéns, jogue as criticas para trás das costas e pé na estrada
ps: eu passei no concurso do vestibular daqui para enfermagem!
tou gostando mas ainda nao comecei as aulas, arranjei um trabalho e tranquei, enfim depois te conto
bjo
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