domingo, 6 de maio de 2007

Peter Pan e outros Nuncas /ou/ Resposta ao 22 de março

Uma vez, terminando de assistir ao filme "Peter Pan" mais recente em DVD, resolvi assistir aos "extras" e um deles tinha a história do autor dessa fábula.
O homem que inventou Peter Pan tinha um irmão mais novo que morreu. Por causa disso, a mãe dele entrou em uma depressão profunda, ficando dias sem sair do seu quarto, sem falar com ninguém. No dia em que ela saiu do quarto, o rapazinho tentou entrar em contato, ele disse algo como "mas mãe, eu estou aqui ainda, eu estou vivo". mas ela respondeu "um dia você vai crescer e vai me deixar. Mas o seu irmão será o meu eterno menino". E assim surgiu Peter Pan, o menino que nunca crescia.
Lendo a poesia de um amigo meu e me lembrando dessa história, assim surgiu a minha poesia:

Não há luta mais desigual
que a luta contra um fantasma.
Ele se esconde e aparece às noites,
quando tudo fica em silêncio,
se esconde no futuro do pretérito
no "poderia ter sido assim".
E uma vez que esse fantasma vem acompanhado do "se eu pudesse..."
esse fantasma fecha os olhos de quem pode ver,
que, por sua vez, perde o movimento,
que, por sua vez, perde a vida...
que perde o presente que é dado e o futuro, muitas vezes tão promissor.
E assim, a praga desse fantasma
se multiplica, cresce e toma forma
e no substantivo abstrato
vai despedaçando o concreto
"que poderia vir a ser" e não é porque ficou no "se eu pudesse..."
É impossível competir com quem ganha forças no mundo ideal.
Mas não posso...
não posso ter um lugar quando não vejo quem já se assentou...
e, assim sendo,
não posso dar amor
à quem, no passado se fechou.
Não posso construir
se quem vive na ruína
acha que "é melhor assim".
Todos que batem nesta porta verão
que ela está fechada por dentro...
Há porém uma arma contra os fantasmas:
A luz daquele que "faz coisas novas".
Mas é preciso perceber essa luz,
ver que ela está "colocando rios no deserto e caminhos no ermo".
Quando se abre a porta vedada
e "a luz" entra
então, finalmente, vence-se o fantasma
que vai embora e deixa a casa livre.
Assim, o presente é dado
o amor cura
e o futuro é traçado
pelo dono da porta
e por todos que na porta passaram.
(Ps.: Leia Isaías 43:19 para entender de onde vem "a luz")

Um comentário:

Helder Nozima disse...

Hum...
Acho que vou comprar o livro do Peter Pan um dia desses. Tentar ver se consigo uma tradução do original, e não uma dessas simplificadas para criança.

De fato, és poetisa, minha filha! Um tanto desafiadora, mas saiu ao pai, rs.